A terceira geração romântica, também conhecida como “Geração Condoreira”, representa o ápice do movimento romântico no Brasil, marcado por um forte engajamento social e político. Nesse período, a literatura brasileira abraçou causas abolicionistas e republicanas, refletindo as transformações e tensões da segunda metade do século XIX. Os poetas dessa fase buscaram uma voz mais combativa e universal, distanciando-se do subjetivismo exacerbado das gerações anteriores.
Caracterizada pelo uso de linguagem grandiloquente e imagens impactantes, essa geração consolidou-se como um marco de transição entre o Romantismo e o Realismo. Suas obras não apenas expressavam anseios individuais, mas também denunciavam injustiças sociais, tornando-se instrumentos de conscientização e mudança. Neste resumo, exploraremos as principais características, autores e obras que definiram esse momento crucial da nossa literatura.
Principais características da Geração Condoreira
A terceira geração romântica distingue-se por suas marcantes particularidades estilísticas e temáticas:
- Linguagem grandiloquente: Uso de vocabulário elevado, hipérboles e construções sintáticas complexas
- Condor simbolista: O condor representa a liberdade e a perspectiva ampla sobre os problemas sociais
- Engajamento político-social: Forte posicionamento abolicionista e republicano
- Universalismo temático: Abordagem de questões que transcendiam o individualismo romântico
- Caráter profético: Os poetas assumiam papel de vates, guiando a sociedade rumo à transformação
Autores representativos
Dois nomes destacam-se como os principais expoentes desta geração:
Castro Alves (1847-1871), conhecido como “Poeta dos Escravos”, tornou-se a voz mais emblemática do abolicionismo na literatura brasileira. Sua obra combina lirismo apaixonado com vigorosa denúncia social.
Sousândrade (1833-1902), embora menos conhecido contemporaneamente, trouxe inovações formais importantes e também abordou temas sociais em sua produção poética, especialmente em “O Guesa Errante”.
Obras fundamentais da Geração Condoreira
As produções literárias deste período refletem com intensidade as características da geração:
“Espumas Flutuantes” (1870) de Castro Alves reúne alguns de seus poemas mais emblemáticos, incluindo “O Navio Negreiro”, verdadeiro libelo contra a escravidão que se tornou um dos textos mais importantes da literatura brasileira.
“Os Escravos” (1883), também de Castro Alves, publicado postumamente, consolida sua posição como principal voz abolicionista da poesia nacional, com versos de forte apelo emocional e social.
“O Guesa Errante” (1876) de Sousândrade apresenta caráter épico e visionário, explorando temas americanistas e sociais através de uma linguagem inovadora e complexa.
Contexto histórico e influências
A terceira geração romântica desenvolveu-se durante um período de intensa ebulição política no Brasil, marcado pela Questão Religiosa, pela Campanha Abolicionista e pelo movimento republicano. A Guerra do Paraguai (1864-1870) também exerceu significativa influência, expondo contradições sociais e fortalecendo o sentimento de nacionalidade.
Internacionalmente, os poetas condoreiros foram influenciados pelo romantismo social de Victor Hugo, pela poesia engajada de Lamartine e pela tradição libertária que ecoava da Revolução Francesa. Essa combinação de influências resultou numa produção literária única, que buscava conciliar beleza estética com compromisso ético.
Inovações formais e estilísticas
Além do conteúdo social, a Geração Condoreira trouxe importantes contribuições formais:
- Ampliação métrica: Uso frequente de versos longos e estrofes extensas
- Ritmo oratório: Desenvolvimento de uma cadência próxima da eloquência dos discursos
- Imagética grandiosa: Predomínio de imagens cósmicas, oceânicas e de grande escala
- Sintaxe complexa: Construções periodais elaboradas que refletiam a grandiosidade dos temas
- Fusão de gêneros: Mistura elementos líricos, épicos e dramáticos
Conclusão e Dicas de Estudo
A terceira geração romântica representa um momento crucial de transição na literatura brasileira, onde a arte se tornou instrumento ativo de transformação social. A Geração Condoreira não apenas encerrou o ciclo romântico, mas também abriu caminho para o Realismo, demonstrando como a literatura pode dialogar profundamente com seu tempo histórico.
Para estudar este período com eficiência, recomenda-se: focar na relação entre obra e contexto histórico; comparar o condoreirismo com as gerações românticas anteriores; analisar como a forma poética serve ao conteúdo engajado; e entender a recepção crítica desses autores ao longo do tempo. Castro Alves, como principal expoente, merece atenção especial – sua obra sintetiza perfeitamente as ambições e contradições desta geração que sonhou com um Brasil mais justo através da força transformadora da palavra poética.
