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Resumo sobre a segunda geração romântica

A segunda geração romântica, também conhecida como Ultrarromantismo ou Geração do Mal do Século, representa um dos momentos mais intensos e sombrios da literatura brasileira. Marcada pelo pessimismo, egocentrismo e pela idealização da morte, essa fase reflete o desencanto de uma juventude influenciada pelo contexto histórico-social da época, especialmente a turbulência política pós-independência.

Caracterizada por temas como a fuga da realidade, o tédio existencial e a exaltação de sentimentos melancólicos, essa geração trouxe à tona autores que exploraram profundamente a subjetividade e os conflitos internos do ser humano. Nomes como Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire tornaram-se expoentes desse movimento, cuja produção literária permanece como testemunho de uma visão de mundo marcada pelo desalento e pela busca por refúgio no mundo dos sonhos e das emoções.

Características Principais da Segunda Geração Romântica

Esta fase do Romantismo brasileiro desenvolveu-se entre 1840 e 1860, apresentando características marcantes que a diferenciam tanto da primeira quanto da terceira geração:

  • Pessimismo e melancolia: Visão negativa da existência, com constante sentimento de desencanto perante a vida
  • Culto à morte e à noite: Idealização do morrer como solução para o sofrimento terreno
  • Egocentrismo exacerbado: O “eu” como centro do universo poético
  • Evasão da realidade: Fuga para mundos imaginários, sonhos e devaneios
  • Saudosismo e tédio existencial: Sentimento de vazio e nostalgia de algo indefinido

Contexto Histórico e Influências

O Ultrarromantismo surgiu em um período conturbado da história brasileira, marcado pela instabilidade política após a independência, pelas revoltas regenciais e pelo descontentamento da elite intelectual. A influência de Lord Byron e outros poetas malditos europeus foi decisiva na formação dessa estética, adaptada à realidade brasileira com singular intensidade.

Principais Autores e Obras

Os escritores dessa geração consolidaram uma produção literária marcada pela intensidade emocional e pelo profundo mergulho na subjetividade:

  • Álvares de Azevedo (1831-1852): Principal expoente da geração, autor de “Noite na Taverna” e “Lira dos Vinte Anos”. Sua obra é impregnada de morbidez, sarcasmo e idealização da morte
  • Casimiro de Abreu (1839-1860): Conhecido por seu lirismo saudosista e melancólico, com destaque para “As Primaveras” e o poema “Meus Oito Anos”
  • Junqueira Freire (1832-1855): Autor de “Inspirações do Claustro”, refletiu em sua poesia a angústia existencial e o conflito entre a vida religiosa e os desejos terrenos
  • Fagundes Varela (1841-1875): Embora com transição para a terceira geração, possui obras marcadas pelo ultrarromantismo, como “Cantos e Fantasias”

Análise de Temáticas Recorrentes

A produção literária dessa geração desenvolve algumas temáticas específicas que merecem destaque:

A idealização do amor e da mulher: A figura feminina é frequentemente representada como inatingível, pura e angelical, contrastando com a visão decadente do poeta. O amor não correspondido torna-se motivo de sofrimento e desespero existencial.

O conflito entre sonho e realidade: Os poetas ultrarromânticos vivem o drama da impossibilidade de conciliar seus ideais elevados com a mediocridade do mundo real, levando-os a buscar refúgio no álcool, nas drogas ou na imaginação.

A morbidez e o satanismo: Influenciados pelo romantismo sombrio europeu, muitos autores exploram temas tabu, como o pacto com o demônio, a profanação e a sexualidade transgressora, sempre com um tom de fascínio e repulsa simultâneos.

Formas de Expressão e Linguagem

A segunda geração romântica privilegiou determinadas formas poéticas e recursos estilísticos:

  • Predomínio da poesia lírica sobre a prosa
  • Uso intensivo de antíteses e paradoxos para expressar o conflito interior
  • Linguagem carregada de interjeições e exclamações que denotam emotividade excessiva
  • Abundância de imagens noturnas, fúnebres e sobrenaturais
  • Estrutura métrica tradicional (sonetos, canções) com conteúdo temático revolucionário

Conclusão

Em síntese, a segunda geração romântica constitui um momento crucial na literatura brasileira, onde a angústia existencial e o desencanto com a realidade se transformaram em matéria-prima poética de extraordinária intensidade. Através de seu pessimismo característico e da exploração dos abismos da alma humana, esses autores legaram à posteridade uma obra que, além de seu valor estético, funciona como documento histórico de uma juventude desiludida com seu tempo.

Dicas para Estudo

Para compreender profundamente esta geração, recomenda-se: focar nas antíteses e paradoxos presentes na linguagem poética; contextualizar as obras dentro do panorama histórico pós-independência; comparar a idealização da morte no Ultrarromantismo com outras manifestações culturais; e analisar como o egocentrismo exacerbado reflete uma visão de mundo específica da elite intelectual da época. Atenção especial merece a relação entre a breve vida dos principais autores e a temática da morte precoce em suas obras.

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